ou o que eu sei sobre a dor.
Ninguém sabe lidar com a dor. Aperta o peito, dificulta a respiração. Da vontade de fechar os olhos e não abrir mais. Da vontade de chutar o pau da barraca, mandar todo mundo à merda,porque está doendo em você. E doí demais para suportar sozinha,por isso a gente precisa desabar nossa tristeza em cima de alguém. Precisamos descarregar,desabafar, transferir para outra pessoa aquilo que estamos sentindo. E vale melhor amigo,vale namorado,vale qualquer coisa disposta a se arriscar. Nós só precisamos que tenha alguém,porque alguém nos da esperança de que, se dividir, a dor vai diminuir. Não,não vai. Sinto muito, mas não vai. Nada vai amenizar a dor de perder alguém querido,porque esse é o tipo de dor feita para não passar mesmo. É feita para sofrer,para relembrar aquele que teve que ir ou que não pode mais ficar. E doí muito no dia de hoje. E doerá a mesma coisa amanhã. Porque o tempo não apaga nada,só aumenta. Aumenta o vazio. Aumenta a saudade, a solidão, o desespero, o silêncio. Aumenta a dor. E o tempo passa e as coisas aumentam de tamanho. Inclusive a força de vontade. Aquela coisinha invisível que existe em nós e só aparece depois de um certo tempo,quando mais precisamos dela. Nós ficamos mais fortes,mais resistentes. Praticamente blindados,por dentro, contra a dor, a solidão e a saudade. E a gente aprende a conviver com a perda, com o espaço vazio na mesa na hora da janta, com o silêncio, com a angústia de esquecer os rostos, com as lembranças, com a morte. Mas, não quer dizer que não continue doendo. Porque continua,sempre.
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